segunda-feira, 14 de março de 2016

Visitando Pedro Tierra

Visitando Pedro Tierra
Osmar Casagrande

Foi no último domingo, 13 de março. O cenário tranquilo do Parque Cesamar abrigando a paz, a tranquilidade, enquanto a chuva caía formando um fino véu de noiva para a paisagem. O parque vazio das gentes, por conta da chuva, fazia também vazio o espaço do projeto Letras em Ação onde eu estava. Tudo em perfeita paz. Aí, bem, sem ter com quem trocar ideias, opiniões, visões sobre literatura e literatos, fui ao quadrado das letras, onde há obras dos mais diversos poetas e que a Poetas & tal Creperia deixa à disposição de todos.
Percorri as capas e fui, via pensamento, cumprimentando aqueles caros caras, famigerados poetas: Ronaldo Werneck, Fernando Pessoa, Gilson Cavalcante, Fidêncio Bogo, Gilberto Mendonça Teles... e fui, meio que enluado com tantas estrelas das letras, buscando aqui e ali um motivo. Aí dei de cara com o motivo:  O Porto Submerso, de Pedro Tierra.
Convidei Pedro Tierra para minha mesa e, sorvendo um café caipira (é passado na hora, debaixo do nariz da gente, o que já proporciona uma viagem olfativa às raízes da degustação), abri O Porto Submerso onde mergulhei fundo, fundo.
Na paisagem que descortino sob a lâmina d’água da memória, um tanto turva pelo decorrer do tempo, vejo, com inacreditável nitidez, a saudade de Hamilton disfarçada em reminiscência de Pedro Tierra. Inenarrável a sensibilidade do poeta a tecer arabescos de musgo nas telhas imemoriais e rendas de infinita beleza nas espumas tecidas pela rendeira Maria Joana, que no bilro constrói vazios no picar dos espinhos.
Naquela paisagem submersa divisei os secos e molhados de um armazém de antanho e as expressões do mesmo porte de tempo: “aguardente Alemã, pirla contra estupor, querosene Jacaré” e outros tesouros de expressão... Descobri com Pedro Tierra que o sol gotera luz pelas frinchas dos antigos telhados do Porto, luz que se transfigura em moedas de ouro. Coisas de quem poeta.
Nadei de braçada naquela Porto Submersa, enfrentando a água do tempo e as águas do rio que, encarceradas, dilataram suas forças por sobre as raízes do Porto e as vão minando. Definitivamente, ontem, na noite de um domingo de levante contra a corrupção, mergulhei na limpidez poética, na poesia de Pedro Tierra.
A quem queira fazer semelhante mergulho, recomendo que compre o livro: O Porto Submerso, do poeta Pedro Tierra, editado em 2005. Se não possa adquirir o livro, vá ao Parque Cesamar, em Palmas-TO, busque a Casa da Cultura que ali existe e poderá, na creperia Poetas & tal, afogar-se nessas águas da memória, acompanhado de um café caipira e algum sabor dos crepes que lá se servem.

No mais, há ali tantos portos e tantos poetas a visitar, que podemos fazer intermináveis viagens na poética e na prosa com quem ali vai.

sexta-feira, 7 de março de 2014

rastro da palavra

São tantas as nuances, as curvas e densidades da palavra; tantas nuances de tons e cores, sombras leves e densas perfazendo dimensionamentos apenas adivinhados, revelando tons de intenção sutilíssimos ou bombásticos... 
Iluminada pela intencionalidade, a palavra deixa seu rastro no ar, nas sensações do ouvido a percutir na mente, na emoção que nos toma ou nos arrepia com leve perpassar.
Aqui escreveremos, mas os símbolos que compõem a palavra terão somente a função de delineá-la como coisa inteira e integrada, fática, corporal, matéria. Além disso, trataremos de engrandecê-la com a expressão que constrói a intencionalidade.
Convido você a ler tais intencionalidades, decifrar tais expressões e gozar com elas. Eis que aqui a palavra se desvela, se revela. Apenas siga seu rastro...
                                                           Osmar Casagrande
Nave da Poesia